sábado, 6 de setembro de 2014

Conversando comigo - Gosto musical

Não foi só uma vez que me peguei imaginando uma conversa super cabeça com um astro do rock ou uma pessoa X que conheço, a qual nunca ocorreu e jamais ocorrerá. Me doi ver que temas de importância tão grande e que meus argumentos tão bem fundados e essenciais para uma visão nova e refrescante sobre assuntos variados sejam descartados junto com a minha consciência todas as noites. Então vou escrever aqui, já que nunca mais tive inspiração pra escrever nada, pra pelo menos parar com esse loop de conversas que jamais acontecerão.

Gosto musical.

Gente muito chata com música tende a me irritar.

Por muito tempo eu sofri com o meu gosto musical. Lembro bem de quando tinha 15 anos (lembro que eram 15 anos porque na minha lembrança eu estava inteiramente vestida de preto, típico dessa minha idade) e contei pra uma amiga que gostava de Benny Benassi. Lembro que ela me olhou com desprezo e disse que era uma bosta. Aí eu passei a criticar todo mundo que ouvia música eletrônica. E por mais que, naturalmente, tenha me tornado uma pessoa mais sensata com o passar dos anos, às vezes me peguei pensando "nossa, que horror, ele(a) ouve músicas da moda"(yes, before it was cool)...

Eis que anteontem estava vendo um vídeo no qual perguntam pros artistas uma opinião sobre uma música a qual eles estão ouvindo pela primeira vez. E percebi neles o mesmo sentimento de desprezo pelo que é comum, pelo que é popular. "Esse violão soa muito x" ou "é, soa que nem várias bandas por aí né"... E me peguei pensando, nesse momento: e qual o problema de ser popular? Qual o problema de gostar de uma música que parece com muitas do mesmo estilo?

Percebi, em algum momento da minha faculdade, que gostava de ouvir sertanejo nas festas. Que achava divertido, algumas melodias eram interessantes, até; apesar das letras serem simples, eu as cantava em loop. E me sentia mal de fazê-lo, porque afinal sempre fui rockeira e coisas do gênero. E nesse momento percebi algo fundamental: não é porque uma música é ruim/mal feita/pobre em conteúdo que eu não possa gostar dela. Afinal, ela foi FEITA pra ser popular. Desde sempre somos confrontados com as mesmas estruturas melódicas, e por mais que você não tenha nenhum conhecimento de teoria musical, você sabe reconhecer uma escala como harmônica e sabe dizer quando um som não combina com aquela escala. Se te derem uma sequência de notas comumente usada em músicas - não só músicas com finalidade puramente artística, mas músicas de comerciais ou filmes - você vai saber completá-la. Produtores e compositores profissionais sabem disso, e usam das mesmas melodias pra criar músicas "grudentas, fáceis de decorar. Elas são complexas? Não. Têm valor artístico? Muitas vezes, não. São só comerciais. Mas não tem porque não gostar delas.

Claro que eu gosto de músicas diferentes. Gosto de sons diferentes, aprecio uma música bem tocada, uma ideia harmônica diferente, instrumentos diferentes harmonizando de formas incomuns... Minha mãe me ensinou quando era pequena a ouvir música de um jeito diferente, ouvindo cada instrumento por vez, descobrindo sons novos na música... E até me sinto mal de não entender a harmonia de alguns gêneros musicais, como jazz, por exemplo - me sinto perdendo oportunidades. Mas também tem muitas músicas muito bem feitas e ricas que eu não gosto de ouvir. E se eu gosto de uma música, não vejo o mal de gostar de músicas do mesmo estilo, mesmo que muito parecidas - se gostei de uma, naturalmente hei de gostar das outras, certo?

Basicamente, a moral da história: gosto é pessoal? É. Mas não é porque gosto de coisas simples ou consigo apreciar músicas feitas com finalidade comercial que não sei reconhecer música boa. E apesar de não ter moral nenhuma, me irrito com gente que se acha melhor que os outros por ouvir músicas complexas. E fica o conselho holístico: aprendam a aceitar o Tche Tcherere Tche Tche que existe dentro de vocês.

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